A cárie é uma doença causada pela presença de bactérias específicas unidas à superfície dentária (placa bacteriana) por determinado tempo. As bactérias causadoras da cárie não são naturais de nossa flora bucal, mas adquiridas através da transmissão entre pessoas e, uma vez que houve a contaminação, elas não são mais eliminadas de nossa cavidade bucal. Por esse motivo é praticamente impossível que as bactérias causadoras da cárie não estejam presentes na cavidade bucal de adultos, e também é muito importante que seja postergado o primeiro contato, em bebês, o que é possível não compartilhando talheres e outros objetos que vão de uma boca a outra, e não soprando alimentos.
Para que ocorram lesões cariosas,é necessário que hajam dentes, bactérias e carboidratos por um tempo. As bactérias levam tempo para se unirem e se organizarem na superfície do dente e utilizam os carboidratos que consumimos na nossa alimentação como fonte de energia e multiplicação. Daí a importância da frequência de escovação X frequência de consumo de carboidratos, assim como a técnica de escovação e uso de fio dental, para que a placa seja removida adequadamente.
É claro que existem fatores contribuintes para um maior ou menor risco à cárie, fatores esse relacionados ao tipo de dente (dentes de leite são mais suscetíveis a cárie), características anatômicas (dentes com sulcos profundos são mais suscetíveis) e salivares (textura, pH, fluxo interferem no risco).
O importante é saber que em todos os casos, independentemente de outros fatores de risco, é possível nunca desenvolver cárie em qualquer indivíduo, desde que os fatores causais sejam controlados, e o organismo esteja em equilíbrio biológico. Para isso, o mais importante é o controle do biofilme bacteriano (placa), que é possível através da remoção completa da placa a cada 30 dias, em crianças e a cada 90 a 180 dias em adultos feita por um dentista, associado à manutenção doméstica da higiene e atenção à frequência de ingestão de carboidratos X intervalo entre higiene bucal.