As duas coisas estão certas, o que muitas vezes não está certo é como essas siglas são usadas…
ATM é a articulação temporo-mandibular, a articulação que mantém o osso da mandíbula próximo ao crânio e possibilita os movimentos da boca ao falar, mastigar, engolir ou respirar. Ou seja, ATM todo mundo tem e ninguém “sofre de ATM”…
Já DTM é um problema que envolve a ATM e/ou os músculos relacionados à essa articulação. A sigla significa Desordem (ou disfunção) Temporo-Mandibular. As DTM podem ser funcionais e/ou sintomatológicas, ou seja, você pode sofrer de DTM e não sentir dor, mas sua mandíbula trava e você não consegue abrir ou fechar a boca, você já fraturou um dente sem motivo dentário aparente, etc… Também muitas DTM são sintomáticas, causando cefaleias, dores próximas aos ouvidos ou outras dores na face ou no pescoço.
A ATM é formada pelos ossos da mandíbula e do crânio, ligamentos, líquido sinovial, disco articular. Vasos e nervos passam ao redor dessa articulação extremamente diferenciada do corpo. O hábito de apertar os dentes em vigília (acordado), mascar chicletes, ranger os dentes durante o sono, segurar instrumentos entre os dentes podem causar alterações nessa articulação, que podem ser desde alterações agudas (momentâneas) até problemas crônicos irreversíveis (ruídos, estalidos e deformações ósseas). Esses hábitos, apesar de serem de baixa intensidade, são de elevada frequência e duração e por esse motivo podem ser até mais danosos à ATM do que traumas de maior intensidade como quedas, socos ou acidentes automobilísticos.
Atualmente, em decorrência do estresse emocional provocado pela pandemia e o isolamento social, muitas pessoas têm nos procurado devido a fraturas dentárias sem causa aparente, dor de dente associada a apertamento dentário, dores próximas ao ouvido e maior frequência de cefaleias. Todos esses sintomas podem ser parte de uma DTM. Existem diferentes tipos de DTM, que exigem diferentes condutas terapêuticas, por isso o mais importante é procurar um profissional qualificado para seu correto diagnóstico e tratamento. Não se deve esperar demais para procurar ajuda, pois as dores podem ser tornar crônicas e os efeitos mecânicos podem se tornar irreversíveis, prejudicando o prognóstico (chance de melhora).